sábado, 9 de maio de 2009

Tudo o que eu mais preciso


- Já se sentiu bobo? Enganado? Sozinho, só mesmo? Já olhou para todos os lados e não enxergou nada e ninguém? Já estendeu á mão com a esperança de alguém por perto te ajudar á se levantar, e ninguém veio? É, complicadissímo. Ficar andando feito barata tonta, de um lado para o outro, ir á algum lugar, sair pra andar, querendo buscar conforto, um abraço amigo, e perceber que seus tais amigos são amigos sim, mais só nas melhores horas, em meu pensamento ser amigo é estar todas as horas sim, e estar mais presente quando estiver nas piores horas, em maus momentos, tentar saciar a solidão, junto com a dor e o sofrimento.
Não estou tendo motivos para reclamar da minha vida não, pelo contrário, estou feliz, não poderia estar passando por uma fase melhor, é que eu vejo algumas coisas, e conseqüentemente me lembro de outras, para piorar ter que ficar ouvindo coisas que não me agradam, é fóda! Eu não estou errado, eu não fiz por merecer isso, e semana após semana, de um ano pra cá eu fico me perguntando, o Porque de tudo isso.
Ruim mesmo é ter que ouvir piadinhas idiotas sobre o meu sofrimento, sobre as babaquices que eu escuto todas as quartas-feiras de manhã. - Tô falando com quem agora? Marshall Bruce Matters III, ou é o Slim Shady que está ai? Eu engulo tudo isso, e isso não se desfaz aqui dentro, as palavras tem o dom de machucar, certas atitudes também.
Eu me sinto normal, eu sou eu mesmo, nunca vejo minhas atitudes mudarem, ou meu pensamento se alterar, todos olham para mim com aquela expressão de dó, misturada ao medo, preferia ficar internado, preso á uma camisa de força, dopado o dia todo, só pra não ter que viver isso. Fico procurando formas para fugir disso, vou á lugares que curto ir, fico andando, paro. Acendo um cigarro, maldito vício, tentando preencher o vazio do meu peito com fumaça, dá aquele prazer gostoso, e aquela sensação horrível, gosto de cinzeiro na boca, o sabor amargo do fumo, aquele cheiro de morte dentro de você. Quando faço isso me lembro a primeira vez que fiz isso, devia ter uns seis anos, eu era louco pra fumar um cigarro, vivia recolhendo pontas do chão, mais nunca passaram perto da minaha boca, a vontade era forte, mais meu nojo era maior. Era um sábado de manhã, como sempre eu descia até a casa da vó Dita, me sentava ao lado dela, no sofá que ficava ao lado da janela, ela ligava o rádio, ficavámos ali, ouvindo as notícias na CBN, conversando sobre, ela sempre fumava perto de mim, apesar de saber que aquilo me fazia mal, eu ficava ali, ela sempre ficava tentando me espantar, mais eu permanecia ali. E assim eram meus sábados, felizes, meus finais de semana perto dela. Certo dia, entrei na casa dela e fui direto pra cozinha, abri a geladeirae peguei um Yakult, do quarto ela exclamou: - Lipe, para de rodeios e vem logo aqui. As lombrigas estão te comendo por dentro, se é isso que você quer, fuma! Me senti homem, adulto, lembro que sempre que via os comerciais do Marlboro ficava me imaginando, no lugar do Cowboy, imponente em seu cavalo, se maço de cigarros na mão. Me sentei no sofá ao lado dela, ela perguntou se eu queria acender, pedi para me ensinar, de primeira, deixei a fumaça dentro da boca e soltei, perguntei pra mim mesmo, que merda, isso é o tal cigarro do comercial? Tentei novamente, enfim na quarta tentativa consegui tragar, quando soltei a fumaça comecei a tossir, ela sorriu e disse: - êêêê, pequeno viu! Depois daquele dia todos os sábados eu queria fumar, mais ela nunca mais permitiu.
Quando fui pra quinta série, comprava sempre, duas ou três vezes na semana, fumava com freqüência, até que caiu aos ouvidos de minha mãe. Descontentamento, : - Um terço de nossas vidas, passamos as noites dormindo, você, ficava em hospitais com problemas respiratórios, tá querendo se matar? Me doeu ouvir aquilo, mais nunca tomei vergonha na cara e parei, nunca deixava de fumar um cigarro. Minha mãe fica brava quando chamo á atenção da Pelota quando ela vai fumar, diz que eu sou falso puritano, pior que sou mesmo, faço errado, mais não quero ver aqueles que eu quero bem fazê-lo. Não o faço por mau.
Estava pensando nisso hoje pela manhã, viramos á noite na prefeitura, é sempre bom estar com os camaradas, conversar sobre punk rock, beber, andar de skate, fazer videos idiotas. Encontrei o Thiago e uns colegas dele no baixo centro, em frente ao bar do Jé, que por sinal estava fechado, nada de Heineken, muito menos dardos(eu sou bom porra :D), muito menos snooker(eu sou bom porra :D #2), então resolvi seguir o caminho com eles, fomos até o Extra compramos oito caixinhas de cerveja, um saco de gelo, quatro salgadinhos, dez pacotinhos de trident(cortesia do Extra ;D), que banquete! Encheram duas mochilas térmicas e uma sacola com o gelo e a cerveja, e ficamos lá, até as oito da manhã do dia de hoje. Secamos a cerveja e tudo o que tinha direito, em quatro pessoas, deu pra ficar alegre, foi bom. Triste mesmo, foi ter que trabalhar assim. Triste mesmo é ter passado a tarde toda assistindo filme sozinho no sofá, parecendo velho. Triste mesmo é saber que hoje é sábado, e está uma puta de uma chuva lá fora. Bom mesmo é saber que vamos sair daqui a pouco, a melhor coisa que o Rafa fez foi ter comprado o carro! hahahahaha.
Essa semana percebi o quanto eu sou errado, li uma coisa em uma revista na sala de espera que me fez ficar pensando, passei a quarta-feira pensando nisso até agora, um psicanalista escreveu um texto que o título era o seguinte, a razão acima de tudo, que deus nos fez assim, a cabeça acima do coração, para que o sentimento não ultrapasse a razão, então... no lugar coração eu tenho um cérebro, e no lugar do cérebro eu tenho um coração?
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