quarta-feira, 27 de maio de 2009


- É, parece que foi ontem, mais já fazem dois anos que tiramos essa foto, domingão de sol, skate, sprays, amizade. Nessa época era só curtição, baladinhas, rolês, eu já era preocupado com meus deveres, é fato, mais aproveitei minha adolescência da melhor maneira possível.
Crescemos, nossas vidas tomaram rumos diferentes, só o irmão mais novo que não tomou rumo, muito menos juízo.
Entristeci de ver ele, daquele jeito. Muléque tão cheio de vida, era todo cuidadoso consigo mesmo, seus cabelos eram impecáveis, seu estilo chamava a atenção de todos, ele era o terror das garotas, hoje em dia eu não o vejo, o cara que eu conheci. Me lembro, como eram os finais de semana na casa dele, festas, festas, e mais festas, os vizinhos chamavam 'nossa goma - o monte sião', de prostíbulo, pico de encontro da nossa patota, das belas garotas, se aquele lugar falasse ele iria contar todas coisas que aprontamos lá dentro, das bebedeiras, das gorfadas do Rafinha, eu sinto falta das coisas boas.
Após a mãe dele partir para a Espanha a casa se tornou nossa de vez, pintamos as paredes de preto, fizemos uns detalhes parecendo arabescos nos cantos das paredes, para onde se olhava se via arte, que dominava a casa, quadros, fotos, as pichções nas paredes, o pequeno pé de erva doce na janela do quarto, lembro quando o gato dele comeu umas três folhas, ficou louquinho, ficou caindo, foi engraçado. Para uma casa de três pequenos cômodos e um grande quintal aquele era o lugar perfeito, o aconchego de todo mundo, tinha hora para começar sim, mais acabar não. Todo mundo acabava dormindo lá, no sofá, nos pufs, no tapete, na mesa, no chão, dentro do banheiro, no chuveiro, ninguém reclamava de desconforto, ao contrário, todos elogiavam.
Foi a primeira vez, até agora, que eu morei sozinho em uma casa, nem parecia que lá moravam quatro garotos,uma puta mania de limpeza e organização, dava orgulho. Todos nós zelavámos por tudo o que havia lá, a amizade, o lugar. Infelizmente, por motivos que não são motivos, pisaram na bola com nossas idéias, começaram a viajar, não escutaram meus conselhos,mais se conselho fosse bom não se dava, vendia. Dois bonitões do nosso círculo foram presenteados com o que um homem não quer mais um dia vai querer, pequetuxos, o Rê fez seu papel de homem, se tem um nome para a responsabilidade é Renato, se casou, se fez pai, apesar de ser tão jovem, amadureceu em pouco tempo, me orgulho do Sherman, até o último.
Já o Patrick continuou com a mesma vida, nossa vida triste e depressiva, boêmia. Bebidas e drogas, e mais drogas, e mais drogas, continuou o mesmo garoto, se mostrou palhaço, deu de louco, mostrou que não era aquele muléque que era meu amigo, amigo mesmo, não esses parceirinhos de rolês. Não o condenei não, pelo contrário, dei o maior apoio, vamos sair disso tudo juntos brother. Planejavámos como ia ser com o pivetinho dele, ele ia andar de skate com nós, soltar pipa, iamos levar ele pra pixar com nós, ele iria se vestir como o nós, ele iria se chamar como nós, Rua, ele iria ser mais um da 2nkcrew, nada de chorôrô adolescênte sem sentido.
Pode me chamar de sentimentalista sem sentido, pode me chamar do que quiser, mais toda vez que eu vejo o Pequeno dele, as lágrimas saem dos meus olhos, sem pedir, me revolto com ele. Reclamava tanto, era o motivo dele ser tão revolta, era a razão de ele querer fazer tudo por ele,o que ninguém tinha feito por ele. Não sei como é crescer sem um pai, mais sei que é algo dificilímo, ele se queixava muito, dia dos pais era um dia de luto pra ele, desde pivete. Ele só foi mais um mentiroso, mais um desses daí, um sem coração, não suportou a pressão de fazer o que era certo.
Não deu satisfação, foi fodendo com tudo e todos, não avisou ninguém sobre suas decisões, se separou de sua garota, ainda na época da gestação, quis se rebeldinho, livre, eu ria quendo ele dizia aquelas besteiras ...viadinhos maconheiros, vocês têm medo, por que você não cheiram cocaína?, ele mantinha seu status de 'nasci para ser selvagem' de qualquer maneira,não quis saber.
Lembro do dia que ele veio até aqui e conversou com a minha mãe, o quanto ele chorou, o quanto aquilo tudo que minha mãe disse não valeu de nada para ele. Foi assim que começou o fim, um baseadinho aqui, outro ali, hoje ele trabalha na representante oficial para se sustentar, junto de seu vício, tem a ficha criminal mais extensa que a minha.
Raspou a cabeça, fez luzes, usa calças de moletom, trabalha no tráfico, escuta os funks atuais. Só queria saber aonde está o Sid Vicious que vivia dentro dele.

4 comentários:

  1. Oi fê, desculpa mais eu sempre leio seus textos e esse me fez refletir muito, precisei comentar.. meus problemas se é que posso chamar de problemas.. ficaram tao pequenos depois desse texto, tomare que tudo dê certo! beijos

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  2. ' POTZ MEEU :S / Foii Um de seeus postss mais Triistees Borella :S' Triistezaa Mee Deeu Agoraa . Tomaraa Que um Diaa Ele Se de contaa de TUDO quee Dexo praa traz . E Que aindaa de tempo de concertaa (yn)' Bjooss :*

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. - Oii Borella. Li seu blog e realmente é muito triste tudo o e esta acontecendo . fico aqui pesando como as pessoas mudam de uma tal forma qe é inesplicaval; lembro quando eu tinha mais ou menus 9 ou 10 anos, elle sempre passava aqui no muro da coop com uns meninos aqui da rua de baixo, sempre indo jogar bola na praça da cristo operário, parecia sempre ser um menino fechado mais sempre na dele. fico triste pelo qe esta acontecendo, e espero que elle acorde e veja tudo o ki deixou e esta deixando e tente recomeçar concertando sua vida! nunka é tarde, há sempre o momento certo de rcomeçar.
    - beiijos.

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